Moda
Gap Jeans
Batalha no mundo dos jeans: diversidade ainda comunica

Enquanto a American Eagle apostou em uma campanha polêmica com Sydney Sweeney, a GAP investiu na diversidade e colheu resultados positivos

Por Maria Laurindo

Há cerca de um mês, a marca de roupas American Eagle — conhecida pela produção de jeans — lançou uma parceria com a atriz Sydney Sweeney. A colaboração gerou repercussão, mas pelos motivos errados.No comercial, Sydney aparece de forma sexualizada, com ângulos sugestivos. Isso já foi motivo de críticas, já que não era a primeira vez que a atriz se envolvia em polêmicas semelhantes. No entanto, o que mais chamou atenção foi o slogan: “Sydney Sweeney has great jeans”. A frase pode parecer inocente, mas em inglês “jeans” e “genes” têm a mesma pronúncia. O trocadilho ficou ainda mais polêmico quando comparado com a fala da atriz no comercial: “Os genes são transmitidos de pais para filhos, muitas vezes determinando características como cor do cabelo, personalidade e até mesmo a cor dos olhos. Meu jeans é azul.”

As reações negativas chegaram a 42%, além de uma queda de 9% no movimento entre clientes. Embora expressivos, esses números não chegam a manchar a imagem da companhia, mas já indicam a necessidade de reposicionamento e definição de público.

Em contrapartida, a marca GAP, em parceria com o grupo feminino de K-pop Katseye — formado por integrantes de diferentes nacionalidades e aparências — lançou a campanha “Better in Denim”. O objetivo foi ressaltar a importância da individualidade, do estilo pessoal e da auto expressão. Ao som de “Milkshake”, da cantora Kelis, o grupo aparece dançando, e a coreografia rapidamente viralizou nas redes sociais.

Segundo a Adweek, a varejista registrou aumento de US$724 milhões em vendas em lojas. Além do impacto financeiro, a campanha consolidou uma comparação positiva em relação à American Eagle.

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Política x Moda

Essas campanhas não acontecem isoladas. Elas refletem um cenário político em transformação, onde a pauta da diversidade tem sido questionada. No início do ano, Donald Trump pôs fim ao programa DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão, na sigla em inglês) — ou DEIA (Diversidade, Equidade, Inclusão e Acessibilidade). Muitas empresas como Meta, Amazon e Google retrocederam ou anularam suas iniciativas de inclusão. Esse movimento acompanha a onda conservadora que cresce em diferentes governos ao redor do mundo e que impacta, diretamente, a geração atual.

A forma como nos vestimos e agimos revela de onde viemos, quem somos e o que desejamos. Quando uma empresa decide se posicionar e “escolher um lado”, ela sabe exatamente a quem quer atingir e agradar.

O embate entre American Eagle e GAP reforça a ideia de que moda e política estão entrelaçadas — e de que, para grande parte da geração atual, diversidade ainda vende, comunica e gera identificação.