Moda, Comportamento
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Rejeição a ser o que admira: Diabo Veste Prada 2

A continuação de “O Diabo Veste Prada” dividiu opiniões: figurinos minimalistas contrastam com o glamour do clássico de 2006 e levantam debate sobre a moda atual

Por Maria Laurindo

Assim que saíram as primeiras fotos dos bastidores de “O Diabo Veste Prada 2”, a internet ficou em polvorosa. A sequência animou os fãs, mas a empolgação logo deu lugar a críticas: muitos internautas passaram a reclamar dos figurinos, chegando a questionar se era mesmo “O Diabo Veste Prada” ou “O Diabo Veste Zara”.

No primeiro longa, lançado em 2006, os looks eram carregados de informação e estilo. Sobreposições, mix de acessórios e misturas de texturas marcaram uma geração inteira — não só inspirando o guarda-roupa, mas até moldando personalidades. O filme trazia uma certa “fantasia” da vida adulta: moda glamourosa, rotina acelerada e a intensidade de trabalhar com comunicação.

Agora, na sequência prevista para 2026, o cenário é diferente. As primeiras imagens revelam roupas mais neutras, limpas e sem tantas camadas de estilo. Para parte do público, isso quebrou a expectativa de ver figurinos icônicos. Para outros, a aposta mais “clean” parece refletir uma nova era da moda e da sociedade.

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Geração confusa

A geração que cresceu assistindo ao clássico se surpreendeu com a simplicidade dos figurinos. Mas será que essa estética minimalista não é um reflexo do nosso tempo? Tendências como quiet luxury e clean girl valorizam a discrição, a exclusividade e o conforto em vez de logotipos chamativos e combinações extravagantes.

Além disso, a própria romantização da moda mudou. Se compararmos, a Nova York de Miranda e Andrea pode muito bem ser a São Paulo de hoje: uma rotina agitada, marcada por transporte público, longas jornadas e pouco tempo para montar looks elaborados. Quantas pessoas vemos no metrô ou ônibus produzidas como em um editorial.

Por isso, ao invés de estampas vibrantes e acessórios em excesso, preferimos cores seguras como preto e marrom — os “coringas” do guarda-roupa. Mas essa neutralidade levanta uma questão: para nos expressarmos, não deveríamos estar prontos para ousar, errar e experimentar? Afinal, a roupa é o primeiro discurso que fazemos sobre quem somos.